sexta-feira, 30 de novembro de 2012

"O PT precisa se reunificar", afirma vice-governador Washington Oliveira



Avaliando que o PT vive um racha interno, o vice-governador e ex-presidente do PT no Maranhão Washington Luiz diz que o partido precisa falar a mesma língua. Responsável pela montagem da aliança PT-PMDB no Maranhão, Washington conversou pela primeira vez, após as eleições, sobre o atual cenário político maranhense e nacional, além das perspectivas para 2014. Candidato à prefeitura da capital maranhense nas últimas eleições, o petista obteve pouco mais de 11% dos votos. Ele revela o que faltou para que a vitória fosse garantida.

O petista ainda conversa sobre a participação da legenda no governo Roseana, projetos que foram realizados. Avalia que a parceria entre os dois partidos vem sendo positiva para o estado, trazendo melhorias sociais, desenvolvimento e principalmente combatendo a fome.

De fala calma, aspecto sereno, Washington declara não ter inimigos na política e também não ter faltado lealdade durante as eleições, mas alerta que a população de São Luís perdeu uma grande oportunidade de finalmente ver uma mudança e renovação de verdade, que seria feita através da sua forma de governar em parceria com o governo estadual e federal, problema esse que segundo o vice-governador deve ser enfrentado pela próxima administração municipal.

O Imparcial Como o senhor avalia sua participação nas eleições municipais?
Washington Luiz  – “Pela primeira vez fui candidato a um cargo majoritário, apresentei um programa muito amplo, com um projeto consistente, ele foi construindo coletivamente com apoio de técnicos, lideranças políticas e sociais. Além disso, ainda fizemos o Congresso da Cidade, que elaborou um plano de governo para nossa São Luís, inclusive nossas propostas foram tão boas, que no segundo turno os outros candidatos adotaram alguns pontos desse programa. Considero minha campanha muito participativa, contando com o envolvimento da população. E possibilitou que o PT abrisse contato com os bairros, chegamos aos lugares mais distantes da nossa ilha, podendo assim identificar diversos problemas. Então considero a minha participação positiva, o PT elegeu um vereador. O PT nas últimas eleições municipais participou apenas como apoiador e não tinha representação na Câmara. Mas uma coisa tem que ser avaliada temos que rever, a divergência intransponível interna do partido, o que acabou dificultando a minha campanha”.

Então o senhor atribui a sua não ida ao segundo turno a esse racha do PT?


“Esse foi um dos motivos, mas não foi só esse”.

Quais outros motivos?

“A nossa candidatura foi colocada muito em cima, na antevéspera, não tivemos muito tempo para discutir nossa candidatura, o PT teve pouco tempo para realizar essa discussão, aglutinar partidos, que apesar de termos vários como aliados, mas faltou envolvimento desses. As outras candidaturas estavam bem mais organizadas”.

Nessas eleições muito se falou em renovação e mudança, ficou evidente que o eleitor queria isso. O que faltou na sua candidatura para que a população percebesse que você iria proporcionar a mudança?

“Infelizmente não conseguimos mostrar a parceria que poderia existir entre o governo municipal, estadual e federal, e essa assim seria a verdadeira mudança na forma de governar e tratar a nossa cidade com seriedade, mas infelizmente não conseguimos transmitir isso a população, mesmo com o maior tempo de campanha. Faltou algo, o discurso, a estratégia de campanha, ainda precisamos avaliar o que faltou, pois de fato a população queria mudança e não simplesmente de pessoas, mas de postura e nós tínhamos as melhores propostas e traríamos isso, pois juntaríamos os esforços de todas esferas públicas”.

Então o senhor acredita que não houve renovação?

“Pelo pouco que tenho acompanhando, já deu para perceber isso. Eles (Edivaldo Jr e Roberto Rocha) vão enfrentar os mesmos problemas que o Castelo. A disputa política continua a frente dos interesses da população. É bom que se registre que São Luís tem mais de 680 mil eleitores e o Edivaldo Holanda Jr foi eleito com 260 mil, ou seja, fica evidente que a maior parte da população não queria o candidato que foi eleito”.

O senhor considera o grupo do Flávio Dino como um grupo consolidado na oposição ao atual governo?

“Olha o grupo do Flávio até o momento fez política até agora e é muito simples fazer política na oposição, mas ele vai ter um desafio real agora pela frente, administrar uma cidade. Ser oposição é muito fácil. E agora sim, daqui para frente nós poderemos fazer uma avaliação desse grupo. Mas antes do inicio dessa gestão, digo: Vejo uma intolerância muito grande por parte da oposição como um todo no Maranhão e infelizmente essa postura de intolerância sobrepõe as propostas, atrasando a vinda de melhorias para população”.

E a parceria com o PMDB e a aliança com o deputado Afonso Manoel na eleição municipal como foi avaliada?

“O Afonso Manoel foi um grande companheiro e parceiro, contribuiu e muito, participou de forma intensa na campanha, todas as caminhadas ele esteve presente, ajudou muito. Portanto o nome não poderia ter sido melhor, o nome do Afonso Manoel foi o ideal para essa aliança. Deputado do nosso grupo mais bem votado dentro de São Luís em 2010, com forte penetração nas comunidades de São Luís, além de ser conhecedor dos problemas da nossa cidade. Em relação ao PMDB, assim como o PT, teve muito problemas na participação da campanha, inclusive com os vereadores. Mas são outros problemas que devemos analisar, infelizmente ainda não tivemos esse tempo, mas deve ser feito, para que nas próximas eleições possamos acertar”.

Faltou lealdade por parte daqueles que estão envolvidos na sua coligação?

“De forma alguma, quero agradecer o empenho e a lealdade daqueles que estiveram com a gente. Em relação aos vereadores é compreensível a preocupação com suas candidaturas, em um primeiro momento. Admito que a nossa campanha faltou estrutura para tentar acomoda-los de forma melhor”.

Será possível reeditar a dobradinha PT-PMDB em 2014?

“Olha em 2014 é outra eleição, o PT volta a discutir novamente os seus caminhos. Estive recentemente conversando com o presidente do partido, existe uma aliança que está dando certo a nível nacional entre o PMDB e PT, e pretendemos sim, reeditar essa aliança aqui no estado, pois no Maranhão vem dando certo também. Já temos certo que em 2014 terá uma candidatura do PMDB para o governo do estado e outra do PC do B, naturalmente o PT vai discutir as duas propostas, mas o meu esforço será para chegar a um consenso. E acredito que tá na hora de nos unirmos. Percebemos o que é melhor para o Maranhão, afinal a atual desunião tem levado o partido a derrotas e o nosso crescimento tem sido dificultado com essa divisão interna, e pode ter certeza que (eu) vou lutar por essa unificação. Digo que vou lutar, pois PT é um partido plural, que não tem dono, então irei fazer uma força-tarefa para buscar a unidade interna e existem forças dentro do PT, que já lutam para buscar uma coesão entre os integrantes da nossa legenda e no nosso discurso reiteramos que o PT maranhense só tem uma vocação: Fazer o Maranhão crescer”.

Em 2014 sua candidatura a vice-governador já está certa?

“Existe uma corrente dentro do PT e muitos companheiros dando um indicativo para eu concorrer para a vaga de deputado federal, mas isso depende do meu partido. Por isso que se eu for candidato a vice-governador, deputado federal ou até mesmo a minha não candidatura a qualquer cargo vai depender do PT’.

Existe a possibilidade do PT não coligar com o PMDB em 2014?

“Não está colocado isso no cenário. O debate ainda vai ocorrer, mas quem vai decidir vai ser maioria. Até novembro de 2013 teremos a nossa discussão do PED. Existem aqueles que defendem a aliança com o grupo adversário ao governo e até aqueles defendem a candidatura própria, mas isso depende ainda de muito debate e discussões. Mas adianto que meu posicionamento é a favor da manutenção dessa parceria que vem dando certo. Afinal em time que está ganhando a gente não mexe”.

E qual o seu posicionamento na discussão do PED do PT?

“Eu vou trabalhar para mostrar que o PT do Maranhão não está isolado no país, que ele deve olhar para cima e analisar que existe uma aliança entre uma base política que vem trazendo melhorias para o nosso país e em nosso estado não é diferente”.

Qual o nome do seu grupo para assumir a presidência do PT no Maranhão?

“O presidente Monteiro é o candidato natural a reeleição, mas existe uma série de outros nomes, que inclusive o atual presidente vem conversando, tudo com intuito de unificar o nosso partido. O Monteiro tem o meu apoio”.

O senhor acha que o PT já vem fazendo uma renovação no seu quadro político?

“Voltamos a ter representação na Câmara Municipal com Honorato, que é um nome que surge, mas infelizmente essa renovação ainda é pontual, precisamos de um envolvimento por parte novos filiados, ter uma movimentação mais ativa por aqueles que vão ser o amanhã do PT”.

Como o senhor avalia a participação do PT no governo de Roseana ?

“Olha tem dois grandes programas do PT muito importantes que foram adotados pela governadora, um deles é a questão da regularização fundiária e o outro o de combate a pobreza. Isso evidencia a nossa participação”.

Durante a campanha eleitoral muito se falou da vinda da Lula e da Dilma para São Luís, mas eles acabaram não desembarcando na capital, existe um estremecimento na relação do PT maranhense com os dois maiores nomes da política brasileira na atualidade?

“O Lula está ainda se recuperando de um tratamento de saúde, se você perceber, ele não veio a nenhum estado do nordeste. O Lula não veio a São Luís por falta de querer, tanto que fui a São Paulo a gravar programa com ele. Lula participou ativamente da nossa campanha através das gravações, mensagens de apoio, infelizmente não pode estar presente fisicamente aqui por conta de sua saúde. Em relação a Dilma, existe uma analise bem estratégica por parte dela. Como aqui existiam dois candidatos da base aliada do governo, ela não se posicionou a favor de ninguém e isso ocorreu em todo país, elas apenas se concentrou em São Paulo e Belo Horizonte. Mas a minha relação com a Dilma é a melhor possível, somos companheiros de partido”.

Qual a avaliação que o senhor faz desses dois anos de mandatos?

“Eu coordenei as ações sociais desse governo, por isso sei bem que o Maranhão avançou bastante nos últimos dois anos. O nosso PIB foi o que mais cresceu em todo país, isso pode ser percebido em relatório divulgado pelo IBGE recentemente. Os índices da pobreza no estado têm diminuído. Estamos avançando no campo da saúde e da educação. São visíveis as melhorias sociais em nosso estado”.

FONTE: Blog Construindo um Novo Maranhão

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